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Festival Vilar de Mouros é motor da economia do concelho de Caminha

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Fotografia Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 26 de agosto de 2024, às 19:18

Câmara vai manter-se na parceria que organiza o histórico certame musical, que volta a 21, 22 e 23 de agosto de 2025.

A Câmara Municipal de Caminha vai manter-se na parceria para a organização do CA Festival Vilar de Mouros, uma vez que o histórico certame musical funciona como motor da economia do concelho e da região.

A garantia foi dada pelo presidente do Município, Rui Lages, no último dia da edição deste ano do CA Festival Vilar de Mouros, que decorreu entre quarta-feira e sábado, na freguesia caminhense que dá nome ao evento.

«O Festival Vilar de Mouros, para além do sentimento de pertença ao nosso território, para além da emoção que traz a todos os vilarmourenses e à população do concelho de Caminha, tem uma importância económica muito grande para a nossa região», afirma, em declarações ao Diário do Minho.

O autarca lembra que o evento «atrai sempre milhares de pessoas» ao município. «As pessoas vêm, usufruem do nosso território, conhecem as nossas paisagens, a beleza da nossa terra, e depois vão querer voltar cá, num outro registo, numa outra perspetiva», constata.

Em seu entender, «isto cria toda uma economia que não é contabilizável ao dia de hoje, mas que se vai alargando no tempo». «O nome do concelho de Caminha é falado durante uma semana em todos os jornais e telejornais», destaca, referindo que esta atenção mediática contribui para «a elevação de Caminha aquém e além-fronteiras».

O edil salienta, por outro lado, que «a importância do Vilar de Mouros é trazer a cultura, a boa cultura, para as áreas que não são urbanas», designadamente para fora dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. «Sabemos fazer boa cultura em sítios descentralizados, como o concelho de Caminha, numa freguesia como Vilar de Mouros, com duas centenas de habitantes, que durante estes quatro ou cinco dias fica uma cidade. Montamos várias infraestruturas para receber as pessoas e tudo isto é um motor económico para o concelho de Caminha», declara, assegurando: «Queremos continuar a apoiar este festival».

Rui Lages enfatiza a vontade de todos os parceiros em continuarem com este projeto. «Tenho a firme certeza que, em 2025, haverá novamente uma grande edição do Festival Vilar de Mouros. Teremos mais bandas, novos concertos e, acima de tudo, a população toda connosco para a realização deste nosso objetivo», antevê. 

 

Música regressa a 21, 22 e 23 de agosto de 2025

O CA Festival Vilar de Mouros vai realizar-se a 21, 22 e 23 de agosto de 2025, regressando ao formato de três dias. Em cima da mesa está a possibilidade de haver um quarto dia, gratuito, como aconteceu este ano.

O anúncio foi feito por Paulo Ventura, responsável pela organização do evento, a cargo da Surprise & Expectation, em parceria com o Município de Caminha e a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros, com o patrocínio oficial do Crédito Agrícola.

Num encontro com a comunicação social, este responsável adiantou que, no próximo ano, o festival vai regressar ao formato de três dias, depois de dois anos em que decorreu ao longo de quatro dias.

Em relação à hipótese de um dia gratuito, como este ano, em que o dia de início do festival foi dedicado à música portuguesa, revela que «está em cima da mesa» e que vai ser ponderada a possibilidade de se «fazer um primeiro dia para celebrar Vilar de Mouros de uma forma distinta daquilo que normalmente se faz».

«Já estamos a trabalhar, há um mês ou dois, no cartaz do ano que vem. E, naturalmente, temos expectativas de conseguir anunciá-lo muito mais cedo e de termos um cartaz que esteja, pelo menos, à altura deste», declara ao Diário do Minho.

Relativamente aos participantes, ainda antes da última noite de concertos, apontou entre 52 e 55 mil espetadores na edição deste ano. Depois de feitas as contas de sábado, que foi o dia que teve maior afluência entre os três com bilhetes pagos, a organização fixou, ontem, em comunicado, em 55 mil as pessoas que passaram pelo recinto, sendo que no primeiro dia estiveram 20 mil espetadores.

«Eu gostava, obviamente, de ter mais pessoas. Este ano, ficámos um bocadinho aquém dos números, por exemplo, do ano passado», edição em que 70 mil pessoas passaram pelo recinto na margem do rio Coura, confessa.

No entanto, argumenta, «fazer um festival também é saber entender que nem sempre conseguimos trazer todas as pessoas que gostávamos. E isso também nos faz aprender para o futuro, também nos faz aprender em termos de comunicação e das dinâmicas da construção do festival».

O promotor admite que «este ano foi um ano particularmente difícil para construir um cartaz», com contratempos como o cancelamento dos Queens of the Stone Age devido a problemas de saúde do vocalista Josh Homme. Paulo Ventura refere que o cartaz apenas foi revelado a 2 de agosto porque só nessa data é que houve a confirmação dos artistas. Contudo, acabou por ter um «desfecho feliz», sendo uma edição na qual os parceiros trabalharam ainda com mais «alegria e união»

No tocante à aposta em bandas nacionais, declara que «a música portuguesa brilha sempre». «Nós não devemos nada em termos de qualidade aos artistas internacionais. Neste festival notou-se mais, porque tivemos, efetivamente, mais artistas nacionais e acho que todos eles deram concertos extraordinários», enfatiza.

Questionado pelo DM, assevera que «organizar um festival já é, em si, uma responsabilidade. Agora, ter que tomar conta e acarinhar o legado que é o Vilar de Mouros, obviamente que é uma grande responsabilidade, e é isso que também nos dá muita força, mesmo no meio destas dificuldades todas que tivemos durante este ano, para conseguirmos construir este cartaz e para pôr este festival de pé. A verdade é que nós pensamos “mas isto é o Vilar de Mouros”, e temos que estar à altura do que este festival é».

O promotor assegura que o modelo de parceria para a organização do evento é para manter: «Nós não poderíamos fazer este festival sem a parceria que temos com a Câmara Municipal de Caminha e com a Junta de Freguesia de Vilar do Mouros, porque eles são os proprietários deste festival. E nunca conseguiríamos fazer este festival como ele é sem o Crédito Agrícola, que não é só um patrocinador, é um parceiro fundamental para nós podermos, de ano para ano, querer crescer e querer fazer mais».

O certame musical arrancou quarta-feira, com um cartaz composto por Fogo Frio, The Legendary Tigerman, GNR, Amália Hoje e Delfins. Na quinta-feira atuaram Ramp, Moonspell, Soulfly, Xutos & Pontapés e The Cult. Na sexta-feira, subiram ao palco Sulfur Giant, Capitão Fausto, Crystal Fighters, Ornatos Violeta e Die Antwoord. O festival encerrou, sábado, com Vapors of Morphine, David Fonseca, The Waterboys, The Libertines e The Darkness. Nos quatro dias, DJ Izzy apresentou-se no Palco Histórico. 

A programação artística demonstra que o CA Vilar de Mouros é ecleticamente ímpar, onde a música, os artistas e a história que trazem consigo são o combustível do festival, dizem os promotores.

Esta edição teve como novidades a criação de duas novas áreas no interior do recinto: “O meu primeiro camarim”, zona dedicada às crianças, equipada com o essencial para cuidados de bebés, como fraldário, micro-ondas e cadeirões, e o “Espaço Lazer”, com vários negócios da região, como piercings, tatuagens ou glitter make up.

Segundo a organização, as equipas de produção são compostas por habitantes da região, contratados e formados localmente, e a conceção do espaço ficou a cargo de uma arquiteta natural de Caminha. 

Os fardos de palha utilizados durante estes quatro dias são posteriormente oferecidos para alimento dos animais e o restante encaminhado para um centro de compostagem, sendo mais tarde devolvido à terra em forma de adubo.

Recorde-se que Vilar de Mouros foi primeiro festival de música do país, organizado em 1971, com nomes como Elton John e Manfred Mann, sendo considerado o “Woodstock à portuguesa”. A sua história remonta a 1965, quando o médico António Barge começou a organizar festivais de folclore.