twitter

Análise ao sangue poderá substituir amostras de medula óssea na deteção da leucemia

Análise ao sangue poderá substituir amostras de medula óssea na deteção da leucemia
Fotografia Unsplash

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 28 de junho de 2025, às 09:51

O objetivo é substituir o procedimento invasivo de recolha de amostras de medula óssea.

Investigadores apresentaram resultados que poderão levar ao desenvolvimento de um teste de sangue inovador para detetar o risco de desenvolver leucemia, substituindo assim o procedimento invasivo de recolha de amostras de medula óssea.

Os laboratórios dos professores Liran Shlush e Amos Tanay do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, efetuaram estudos aprofundados sobre a biologia do sangue para compreender melhor o processo de envelhecimento e a razão pela qual algumas pessoas se tornam mais suscetíveis a doenças à medida que envelhecem.

No novo estudo, publicado hoje na revista Nature Medicine, Shlush e Tanay apresentam resultados que poderão levar ao desenvolvimento de uma análise de sangue inovadora para detetar o risco de desenvolver leucemia.

O trabalho centrou-se na síndrome mielodisplásica (SMD), uma doença relacionada com a idade em que as células estaminais do sangue não amadurecem adequadamente e se transformam em células sanguíneas funcionais.

As suas equipas de investigação, compostas por médicos, biólogos e cientistas de dados, têm vindo a acompanhar as alterações nas células estaminais hematopoiéticas, incluindo o aparecimento de alterações genéticas nestas células em cerca de um terço das pessoas com mais de 40 anos.

Estas alterações não só aumentam o risco de cancros do sangue, como a leucemia, mas também têm sido associadas a doenças cardíacas, diabetes e outras doenças relacionadas com a idade.

O diagnóstico da SMD e a avaliação da sua gravidade são cruciais, uma vez que pode causar anemia grave e progredir para leucemia mieloide aguda, um dos cancros do sangue mais comuns em adultos, mas até agora o diagnóstico tem dependido da recolha de uma amostra de medula óssea, um procedimento que requer anestesia local e pode causar desconforto ou dor significativos.

Uma equipa de investigação liderada por Nili Furer, Nimrod Rappoport e Oren Milman, em colaboração com médicos e investigadores de Israel e dos Estados Unidos, demonstrou que as células estaminais sanguíneas raras - que ocasionalmente saem da medula óssea e entram na corrente sanguínea - contêm informações de diagnóstico sobre a SMD.

Os investigadores mostraram que, com uma simples análise ao sangue e uma sequenciação genética avançada de uma única célula, é possível identificar os primeiros sinais da síndrome e até avaliar o risco de uma pessoa desenvolver cancro do sangue.