Cerca de cem investigadores de vários pontos do mundo, especializados nas áreas da Comunicação e Literacia em Saúde, reuniram-se, esta semana, entre quarta-feira e hoje, na Universidade do Minho, “European Conference on Health Communication".
Na sessão inaugural, Rita Araújo, que coordenou a comissão organizadora desta conferência, sublinhou a importância da comunicação em saúde nos tempos atuais: «A comunicação em saúde nunca foi tão visível, nem tão necessária».

Desde a pandemia de Covid-19, tem-se assistido à propagação de desinformação, que leva à perda de confiança pública e à distorção da ciência, o que ameaça o bem-estar coletivo.
Por isso mesmo, a investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) desafiou os presentes não só a produzir ciência robusta, mas também a assegurar que essa ciência é «ouvida, percebida, e transformada em ação».
Esta transformação de ciência em ação foi, aliás, uma das preocupações demonstradas pelo orador convidado Hernâni Zão Oliveira.
Professor na Universidade de Évora, Hernâni Oliveira é também investigador com trabalho premiado na área das tecnologias de comunicação de saúde. Foi perante uma plateia atenta e entusiasmada que o orador apresentou vários exemplos de comunicação em saúde aplicada a diferentes contextos.

O segundo dia contou com um painel dedicado à temática da conferência, “Literacies and Empowerment in Health Communication”, com a participação de Duarte Vital Brito, que dirige o grupo de trabalho em comunicação do Plano Nacional de Saúde, Débora Miranda, jornalista e consultora na área da comunicação de saúde, e Gustavo Tato Borges, médico especialista em saúde pública e coordenador da Direção-Geral de Saúde para a região Norte.
Duarte Vital Brito começou por abordar a centralidade da comunicação no contexto da saúde, apresentando a experiência do Plano Nacional de Saúde.
Gustavo Tato Borges recordou a experiência da comunicação durante a pandemia, admitindo que é necessário refletir sobre o passado para melhorar a atuação dos vários agentes nacionais perante novas crises de saúde pública.
De seguida, Débora Miranda reforçou a importância de construir pontes entre a investigação científica e a elaboração de políticas públicas.
Com experiência profissional em várias entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, Débora Miranda apresentou vários exemplos de políticas na área da saúde baseadas em evidência.
Ao longo dos três dias foram ainda discutidos temas como a tomada de decisão partilhada em saúde, a inteligência artificial no contexto da comunicação, a comunicação referente a vacinas, a saúde mental ou o acesso das populações migrantes à saúde, com a contribuição de investigadores de várias áreas do conhecimento, empenhados na compreensão e melhoria dos processos de comunicação dentro desta temática.
O programa arrancou com uma receção aos participantes, no dia 24, seguindo-se dois dias de trabalho compostos por dois painéis e 15 sessões paralelas, desdobradas em cerca de 80 comunicações.
Organizada pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, a “European Conference on Health Communication” aconteceu sob o mote “Literacies and Empowerment in Health Communication”.
Com a chancela da European Communication Research and Education Association (ECREA), é a primeira vez que esta conferência se realiza no sul da Europa.
O evento teve o apoio da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (Sopcom) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).