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Cerca de cem académicos debateram centralidade da comunicação em saúde

Cerca de cem académicos debateram centralidade da comunicação em saúde
Fotografia DR

Redação

Publicado em 26 de setembro de 2025, às 21:28

Encontro Internacional na Universidade do Minho.

Cerca de cem investigadores de vários pontos do mundo, especializados nas áreas da Comunicação e Literacia em Saúde, reuniram-se, esta semana, entre quarta-feira e hoje, na Universidade do Minho, “European Conference on Health Communication".

Na sessão inaugural, Rita Araújo, que coordenou a comissão organizadora desta conferência, sublinhou a importância da comunicação em saúde nos tempos atuais: «A comunicação em saúde nunca foi tão visível, nem tão necessária». 

Desde a pandemia de Covid-19, tem-se assistido à propagação de desinformação, que leva à perda de confiança pública e à distorção da ciência, o que ameaça o bem-estar coletivo.

 Por isso mesmo, a investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) desafiou os presentes não só a produzir ciência robusta, mas também a assegurar que essa ciência é «ouvida, percebida, e transformada em ação». 

Esta transformação de ciência em ação foi, aliás, uma das preocupações demonstradas pelo orador convidado Hernâni Zão Oliveira.  

Professor na Universidade de Évora, Hernâni Oliveira é também investigador com trabalho premiado na área das tecnologias de comunicação de saúde. Foi perante uma plateia atenta e entusiasmada que o orador apresentou vários exemplos de comunicação em saúde aplicada a diferentes contextos.

O segundo dia contou com um painel dedicado à temática da conferência, “Literacies and Empowerment in Health Communication”, com a participação de Duarte Vital Brito, que dirige o grupo de trabalho em comunicação do Plano Nacional de Saúde, Débora Miranda, jornalista e consultora na área da comunicação de saúde, e Gustavo Tato Borges, médico especialista em saúde pública e coordenador da Direção-Geral de Saúde para a região Norte. 

Duarte Vital Brito começou por abordar a centralidade da comunicação no contexto da saúde, apresentando a experiência do Plano Nacional de Saúde. 

Gustavo Tato Borges recordou a experiência da comunicação durante a pandemia, admitindo que é necessário refletir sobre o passado para melhorar a atuação dos vários agentes nacionais perante novas crises de saúde pública. 

De seguida, Débora Miranda reforçou a importância de construir pontes entre a investigação científica e a elaboração de políticas públicas. 

Com experiência profissional em várias entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, Débora Miranda apresentou vários exemplos de políticas na área da saúde baseadas em evidência.

Ao longo dos três dias foram ainda discutidos temas como a tomada de decisão partilhada em saúde, a inteligência artificial no contexto da comunicação, a comunicação referente a vacinas, a saúde mental ou o acesso das populações migrantes à saúde, com a contribuição de investigadores de várias áreas do conhecimento, empenhados na compreensão e melhoria dos processos de comunicação dentro desta temática. 

O programa arrancou com uma receção aos participantes, no dia 24, seguindo-se dois dias de trabalho compostos por dois painéis e 15 sessões paralelas, desdobradas em cerca de 80 comunicações.

Organizada pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, a “European Conference on Health Communication” aconteceu sob o mote “Literacies and Empowerment in Health Communication”. 

Com a chancela da European Communication Research and Education Association (ECREA), é a primeira vez que esta conferência se realiza no sul da Europa. 

O evento teve o apoio da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (Sopcom) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).