Depois de ter testado a fórmula em 2022, quando Ricardo de Campos apresentou a obra “Revolta”, que produziu em conjunto com os reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga e que, posteriormente, foi doada à Universidade do Minho, a zet gallery volta a levar artistas para lá dos muros das prisões.
Procurar disseminar o poder transformador das artes é o grande objetivo deste novo programa de Residências Artísticas, um repto lançado pela galeria do dst Group ao qual responderam afirmativamente a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e a Fundação JMJ - Lisboa 2023. «Acreditamos que a arte pode curar e ajudar no processo de reinserção de alguém que, por circunstâncias várias, foi parar onde certamente não deseja estar. A arte pode ser esse catalisador que é necessário para regressar à vida sociedade em plenitude, para sentirem que o seu contributo é importante. Foi esta a ideia com a qual desafiámos a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e a Fundação JMJ - Lisboa 2023 e que, depois, apresentámos à Fernanda Fragateiro e ao Francisco Vidal: aproximar os reclusos da arte, convidando-os a fazer parte a sentirem-se integrados no processo», explica Helena Mendes Pereira, coordenadora do projeto.
No momento de assinatura do acordo, estiveram, também, presentes Orlando Carvalho (Diretor-Geral da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais) e D. Alexandre Brito Palma (bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa), como representantes das entidades que dão forma ao projeto. Para o representante da Igreja Católica, este projeto «permite-nos ambicionar a transformação do mundo, abrindo nele um lugar de esperança». «Estamos muito empenhados neste projeto, porque reconhecemos o poder profético e contemplativo do olhar e da ação dos artistas. Por isso, a Igreja quer continuar a contribuir, tanto quando puder, para o movimento artístico», referiu.
O também responsável pela Fundação JMJ - Lisboa 23 considera que «não estamos neste projeto como protagonistas, mas com intenção de trabalhar em conjunto com estes parceiros, que estão aqui à volta desta mesa, a dar as mãos, tendo em vista um bem maior». A opinião foi partilhada por Orlando Carvalho, que destacou o papel de todos na materialização deste projeto: «Quero deixar um agradecimento aos parceiros, aos artistas e a todos os que vão fazer parte. Estamos muito entusiasmados e expectantes para conhecer os resultados das Residências Artísticas», finalizou.
As Residências Artísticas acontecem a partir de setembro, no Estabelecimento Prisional de Leiria, destinado a jovens, com projeto artístico de Francisco Vidal, que esteve presente na cerimónia, e no Estabelecimento Prisional de Tires, na ala feminina, com intervenção de Fernanda Fragateiro.