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Bullying – o que está a falhar na sociedade, na educação e na família?

 



 

 



 

O Dia Mundial de Combate ao Bullying assinala-se a 20 de Outubro. A data é um alerta internacional para este problema com que muitos jovens se debatem no seu dia a dia.

Originalmente, considera-se “bullying” a prática repetitiva e intencional de agressões físicas ou psicológicas contra uma ou mais pessoas, sem haver motivação evidente. É praticado por um indivíduo ou por um grupo, ocorrendo inicialmente apenas no ambiente escolar, embora já tenha alastrado um pouco pela sociedade e hoje praticado com recurso às novas tecnologias, o cyberbullying.

Não sendo um fenómeno recente, o bullying tomou proporções verdadeiramente calamitosas, sendo hoje estudado e reconhecido como um problema social grave.

Consciencializar a população mundial para esta forma de violência, apoiar e incentivar as vítimas a denunciarem estas graves situações e encontrar formas de as prevenir, são os desafios colocados por esta data, visto que a luta contra o bullying não é uma tarefa de um dia, nem de um grupo de pessoas, mas sim de todos os dias do ano e de todas as pessoas.

A família é uma das estruturas mais importantes na prevenção e no combate à violência praticada contra crianças e jovens, assim como a escola.

Por isso, os pais devem perguntar diariamente aos filhos sobre o dia na escola e perceber pelas respostas se os filhos permanecem tristes ou distantes, o que pode ser indicativo de problemas de bullying.

Recentemente uma amiga confidenciava-me que a sua neta tinha sido vítima de bullying no colégio que frequentou até ao 9.º ano. Ouvindo esta queixa, fiquei muito perplexa na medida em que sabia que era um colégio de matriz católica, onde, naturalmente, pensava eu, existiriam alguns ensinamentos especiais no sentido duma boa formação humana, integral, cristã, baseada na premissa de que todos somos filhos de Deus e irmãos em Cristo. Pois parece que não, essas coisas já passaram de moda, os meninos fazem bullying e ciberbullying com o maior descaramento possível, ninguém constata, nem professores, nem funcionários nem outros membros envolvidos no ensino da pequenada, dos comportamentos ligados a este assédio…

Ocorreu-me então uma história verdadeira acontecida há quase duas décadas também num colégio, sendo este de matriz laica.

Um menino chegou a casa e contou aos pais o que alguns colegas lhe andavam a fazer e a dizer. O pai ouviu e não gostou. No dia seguinte o episódio repetiu-se com maior intensidade. O pai, encarregado de educação, informou os órgãos responsáveis daquele estabelecimento de ensino e solicitou que os pais dos autores do crime também fossem avisados deste acontecimento a fim de evitar futuras eventuais situações.

Pois, parece que a criança continuou a ser vítima de bullying e o pai, numa hora de recreio, entrou pelo colégio, dirigiu-se aos agressores e tê-los-á “afagado” de forma pouco meiga…

Caiu o “carmo e a trindade”, horror, falta de segurança no recreio, direcção do colégio posta em causa, como é possível entrar um adulto e fazer justiça defendendo o seu próprio filho?

Pois, e a história acabou com a saída da criança vítima dos colegas e os meninos mal-educados continuaram lá, talvez a massacrar outros…

Citando Edmund Burke*: “Para que o mal triunfe, basta que os bons nada façam para o deter”… 

A maldade humana vai sempre existir, não há dúvida disso, mas este e tantos outros exemplos revelam como é imperioso e urgente não nos demitirmos das nossas funções de cidadania activa e participada. Numa Democracia somos todos responsáveis ou cúmplices, do bem que não fizemos ou do mal que deixamos acontecer.



 

* Edmund Burke (Dublin, 12 de janeiro de 1729 – Beaconsfield, 9 de julho de 1797) filósofo, teórico político e orador irlandês, membro do parlamento londrino pelo Partido Whig.



 

Maria Susana Mexia

Maria Susana Mexia

26 outubro 2025