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Exposição de David Bailey espera atrair visitantes minhotos à Corunha

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Fotografia Miguel Viegas

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 21 de julho de 2025, às 20:33

Mostra inédita do fotógrafo inglês está patente ao público até 14 de setembro.

A Corunha, na vizinha Galiza, volta a ser o epicentro da fotografia de moda a nível mundial, com uma grande exposição do fotógrafo inglês David Bailey, atualmente com 87 anos.

A mostra “David Bailey’s Changing Fashion” é promovida pela Fundação Marta Ortega Pérez (Fundação MOP), estando patente ao público até 14 de setembro, no Centro MOP, no Muelle de Batería, localizado na zona portuária da cidade galega.

Após ter colocado a Corunha em destaque com exposições de Peter Lindbergh, Steven Meisel, Helmut Newton e Irving Penn, a Fundação MOP exibe a primeira grande retrospetiva do aclamado fotógrafo britânico em Espanha, durante este verão.

Comissariada por Tim Marlow, diretor do Design Museum de Londres, e por Camera Eye, o arquivo oficial do fotógrafo, a mostra convida os visitantes a mergulharem no glamour e na energia das décadas de 1960 e 1970, através da lente de Bailey.

Considerado um dos mais influentes fotógrafos de moda e retrato do mundo, David Bailey foi figura central na definição da revolução criativa e cultural que impulsionou a vibrante cena londrina dos anos 60, destaca a organização.

«David Bailey possui, sem dúvida, uma linguagem visual absolutamente ímpar. Desde o início, foi coerente com a sua própria visão, quebrando as regras da moda e da fotografia e criando outras. Ninguém se moveu com mais facilidade nos mundos da música, da moda e do estilo dos anos sessenta», afirma a fundadora e presidente da Fundação MOP, Marta Ortega Pérez.

«É muito emocionante voltar a acolher no nosso espaço da Corunha uma exposição de arte fotográfica de primeira categoria. Esta exposição capta uma efémera época de ouro que mudou por completo a história do estilo, da fotografia e da cultura», acrescenta a também presidente do Grupo Inditex.

Com cerca de 250 imagens, algumas das quais inéditas, a exposição leva os visitantes desde o primeiro autorretrato até à mais recente fotografia do autor, num percurso enriquecido por uma coleção de objetos cuidadosamente selecionados, mostrando o caráter único do ateliê de Bailey.

A mostra começa em East End, em Londres, onde o fotógrafo nasceu, a 2 de janeiro de 1938. Com uma dislexia não diagnosticada, deixou a escola aos 14 anos e começou a sonhar ser músico. Com ambição de viajar, o serviço militar na Royal Air Force levou-o até Singapura, acompanhado pelo seu trompete.

Quando lhe roubam o instrumento musical, compra uma máquina fotográfica, com a qual tira um autorretrato em 1957, que pode ser visto na exposição. Neste, aparece uma imagem de Picasso, ídolo que nunca quis conhecer pessoalmente, com quem aprendeu que a sociedade não impõe as regras, é o artista que as define.

Com o fim do serviço militar, regressa a Londres, onde se torna assistente do fotógrafo John French. Começa, aqui, um novo capítulo na vida de David Bailey, com uma fotografia disruptiva com Paulene Stone de joelhos, rodeada de folhas da época de outono e um esquilo, publicada no Daily Express, em 1960. Nesse ano, a Vogue abre-lhe as portas e em 1962 deixo-o ir para Nova Iorque com Jean Shrimpton, a sua primeira grande musa.

David Bailey marca a diferença ao tirar fotos da modelo na rua, com o caos como cenário, abrindo assim um novo caminho para a moda. O fotógrafo também não tardou em libertar-se das convenções que prevaleciam relativamente à fotografia de estúdio. «Bailey abriu o estúdio à energia da rua e transformou as ruas dos lugares para onde viajava num estúdio sem paredes», resume Tim Marlow.

Num percurso com momentos pioneiros, foi sua a primeira fotografia de uma mulher negra, Donayale Luna, na capa da Vogue, em 1966, e de Marit Allen em estado avançado da gravidez, em 1969.

A mostra dedica uma atenção especial à “David Bailey’s box of pin-ups”. Este portefólio de 1965 inclui 36 personalidades do panorama londrino, de Mick Jagger a Rudolf Nureyev, Michael Caine, Cecil Beaton e, com controvérsia naquela época, os famosos gangsters Ronnie e Reggie Kray ao lado de lorde Snowdon, membro da família real.

Segue-se uma parte dedicada a fotografias de músicos e de grupos musicais, como Beatles, Roling Stones, Duke Ellington, Miles Davis ou Patti Smith, ao som da banda sonora do estúdio de David Bailey. Em exposição estão também discos com fotografias de autoria de David Bailey, que alguns podem ter em casa sem saber quem de quem são as imagens.

Após uma secção dedicada a nus, destaque para os anos setenta, década na qual os lugares ganham protagonismo, com fotografias tiradas em Marrocos, Egito, Turquia, Brasil, Goa e Papua Nova Guiné. A década foi prolífica, com imagens icónicas como a de Salvador Dalí ou de Penelope Tree em versão Rato Mickey.

Na parte final, a exposição mostra o seu talento na área do retrato, com referência para a imagem da rainha Isabel II a sorrir, tirada em 2014, quando a monarca tinha 88 anos e o fotógrafo 76, e a de Rod Stewart, a fotografia mais recente, datada deste ano.

Para além das imagens, a exposição inclui uma coleção de objetos do autor, uma curta-metragem realizada especialmente para esta iniciativa e uma publicação gratuita inspirada na Ritz, a revista que Bailey fundou juntamente com David Litchfield, em 1976.

Esta exposição é o grande destaque da programação de verão da Fundação MOP, que também inclui as MOPTalks, um ciclo de encontros abertos ao público com personalidades relevantes da cultura e da criação contemporâneas.

A entrada é livre, mas é possível marcar visitas guiadas por 5 euros. Os lucros obtidos com a venda de merchandising revertem para o programa “Future Stories”, que apoia jovens criadores no início das suas carreiras artísticas.

Criada em 2022, a Fundação MOP estrutura a sua atividade em três pilares – moda, fotografia e Corunha –, apresentando exposições de nível internacional dos grandes fotógrafos de moda. Possui um centro cultural na zona portuária da Corunha, desenhado pela arquiteta Elsa Urquijo, que inclui uma livraria especializada, instalada no Silo, um antigo edifício industrial.