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Região dos Vinhos Verdes festeja 116 anos de olhos postos nas novas gerações

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Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 03 de outubro de 2024, às 23:35

Aposta na renovação dos consumidores.

A Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes (CVRVV) está a celebrar os 116 anos da demarcação da região a pensar numa estratégia para conquistar as novas gerações de consumidores.

A data festiva foi assinalada anteontem, com a reunião do Conselho Geral da CVRVV que marca o fim das vindimas e um almoço, momentos que contaram com a presença do presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Bernardo Gouvêa, na Casa dos Vinhos Verdes, no Porto.

Também participaram no almço o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte Beraldino Pinto, a subinspetora-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica Cristina Caldeira e os vereadores da Câmara do Porto Catarina Santos Cunha e Ricardo Valente, entre outras individualidades.

No final, questionada pelos jornalistas, a presidente da Comissão de Viticultura, Dora Simões, afirmou que a região quer «manter uma posição de vantagem nas exportações e solidificar um pouco o mercado nacional», embora admitindo que o setor está «a trabalhar num mercado em retração», com menos consumidores e com perfis de consumo muito diferentes daqueles que existiam no passado.

A responsável aponta as gerações dos Millennials e Z, que consomem «não só vinho, mas também bebidas espirituosas, produtos à base de vinho, kombuchas, infusões de CBD e outros tipos de produtos».

Em seu entender, o setor precisa de adquirir conhecimento relativamente a estes consumidores, designadamente os seus mecanismos de preferência e compra, uma vez que o consumo se distribui entre vários tipos de produto.

«O setor do vinho vai ter que se adaptar em termos de portfólio, embalagens, locais de venda, toda a parte comercial vai ter de mudar», diz.

Embora o vinho não esteja «na preferência imediata» desse tipo de consumidores, a boa notícia é que o vinho branco com baixo teor alcoólico e acidez marcada está entre os produtos dos quais gostam. «O Vinho Verde tem um perfil adequado para o que é o consumo deste novo segmento de consumidores», refere.

 

«O importante é que o preço não baixe»

A CVRVV vai continuar a manter o foco «em alguns mercados externos», numa altura em que as «exportações estão a correr relativamente bem», mas há cautela relativamente a esta evolução, dada a conjuntura mundial de retração.

Nesta lógica, a região marcou presença na feira ProWine de São Paulo, no Brasil. «É um mercado onde as exportações dos Vinhos Verdes estão a correr bastante bem e, portanto, é absolutamente necessário estar lá com os produtores», afirma Dora Simões. Os EUA são o principal mercado em termos de valor.

A dirigente acrescenta que, paralelamente às exportações, o mercado nacional também é prioritário, até porque «o Vinho Verde tem tido uma performance melhor em termos de crescimento na restauração».

«O importante é que o preço não baixe muito significativamente porque o Vinho Verde tem, já de si, um preço que poderia ser mais alto dada a qualidade do produto. É fundamental que não se estrangule a capacidade produtiva de quem está na viticultura», declara.

 

Vindima com qualidade extraordinária

Com a vindima praticamente terminada na Região dos Vinhos Verdes, as indicações que existem é que este ano é de «qualidade extraordinária».

A presidente da Comissão de Viticultura, Dora Simões, adianta que a instituição começou, no dia 1 de outubro, a receber as primeiras declarações de colheita e produção, por isso ainda não há números relativamente ao volume de produção.

Ponto assente é a excelente qualidade das uvas, permitindo perspetivar «um ótimo ano» em toda a região.

Questionada sobre os novos rótulos, que incluem a obrigatoriedade da menção calórica e admitem que os dados nutricionais possam ser apresentados num QR Code, esta responsável refere que «é informação ao consumidor, e é justo que ele queira saber aquilo que está na composição do vinho», mas constata que «é mais um incómodo para os produtores».

Dora Simões explica que a mudança da rotulagem representa «mais um investimento» e «mais uma burocracia» para os produtores.